Olhando para a minha carreira como enfermeiro posso considerar-me privilegiado. Tive emprego na minha área profissional desde o primeiro dia e, desde então, fui fazendo o meu caminho por entre as especialidades e os países que quis. Como tenho a noção que a realidade não é agora esta espero, com a minha experiência, ajudar quem se prepara para iniciar a sua aventura profissional.
Algumas dicas para ter sucesso, seja qual for o destino que escolhas…
Parece que ainda falta muito para o final do ano letivo e tens ainda de te preocupar com o estágio final, a monografia e tudo o que te permite ganhar o tão desejado diploma, mas o tempo passa depressa. Vais ver que, quase sem dar conta, vais estar a celebrar com os teus colegas o final do curso e, não tarda, a pensar também em como vais começar a tua vida profissional.
Tenho boas notícias. Enquanto enfermeiro formado em Portugal, vais ter a possibilidade de trabalhar em praticamente todo o mundo e isso é um privilégio do qual nem todas as profissões se podem gabar! Se estás a pensar em Portugal, prepara-te o teu CV, documentos e certificados para enviar aos diversos hospitais quando abrem concursos. Podes optar por ver nos sites das instituições em que estás interessado ou então seguir o site "A Enfermagem e as Leis", que é muito útil para te manteres a par dos mais recentes concursos nesta área.
Convém também estares atento aos sites dos vários grupos privados em Portugal, bem como instituições que possam precisar de enfermeiros. As redes sociais como o Facebook e o Linkedin são também muito úteis pois os colegas costumam partilhar, através destas páginas, as posições em aberto que vão surgindo nas instituições onde trabalham. Depois, é só seguir as instruções de cada concurso com cuidado e enviar tudo o que é pedido, dentro dos prazos.
Na escolha das instituições há outros pormenores igualmente importantes, como o salário: se está dentro do que é praticado na nossa área, se está regulamentado por contratos coletivos de trabalho e, acima de tudo, se é suficiente para viveres confortavelmente e, no caso de ser uma vaga internacional, ainda sobrar algum dinheiro para visitares a tua família. Isto porque o alojamento em algumas cidades pode ser bastante escasso e caro, pelo que antes de decidires aceitar a posição, deves considerar e ponderar os custos e despesas.
Outro ponto muito importante é o cuidado a ter com a construção do CV. O site Europass é uma boa ferramenta. Deves colocar as experiências em contexto de estágio partindo das mais recentes para as mais antigas. No teu CV podes ainda incluir outras experiências laborais, de associativismo ou desporto, para mostrar um pouco mais de tim enquanto pessoa, ao potencial empregador. Para saberes, em pormenor, como fazer um CV de qualidade, consulta as dicas que já te deixamos, no nosso blog.
Quando concorreres, seja por carta ou e-mail, a atenção ao detalhe é fundamental. Envia e-mails únicos ao destinatário em questão, explicando as razões pelas quais queres trabalhar na instituição, o que te faz ser o profissional perfeito para posto e menciona que te encontras, de momento, com total disponibilidade. Como em muitas coisas na vida, o modo como começamos pode ser essencial para o nosso futuro profissional. Como tal, dedica algum tempo à preparação do teu currículo e à carta/e-mail de apresentação. Nunca te esqueças que esse teu esforço e dedicação podem vir a ser reconhecidos com uma oferta de emprego.
O salto para uma carreira internacional
Quando saí de Portugal rumo ao Reino Unido, em 2005, o número de enfermeiros portugueses com experiência internacional era ainda muito escasso, com alguns colegas espalhados sobretudo pela Suiça, Espanha, França e Reino Unido (quando cheguei éramos, no total, 15 no país). Felizmente, as portas aos enfermeiros portugueses abriram-se e somos recebidos e desejados, um pouco por todo o mundo, com colegas a trabalhar na Europa, Médio Oriente, Austrália e América do Norte.
As nossas escolhas profissionais deixaram de ser locais ou nacionais para se distribuírem, também e sobretudo, pela Europa quando somos recém licenciados - países como Reino Unido, Alemanha, França e Holanda investem muito dinheiro na procura ativa de enfermeiros. A escassez crónica destes profissionais, os rácios em regra mais elevados, a alta rotatividade destes profissionais (gravidez, maternidade, mudança de área, reformas, saídas para outros países) mas também a necessidade (e vontade) de criar uma força de trabalho variada, em termos culturais e sociais, e representativa da sua própria população, explicam estes investimentos, que são sempre a médio e longo prazo.
Por outro lado, os salários relativamente mais altos, as oportunidades de progressão na carreira e de desenvolvimento profissional e escolar, levam a que alguns destes países sejam muito populares entre os enfermeiros da Europa e, por isso, destinos naturais para quem pretende iniciar a sua carreira profissional. Contudo, o que verdadeiramente vale a pena requer algum trabalho e, obviamente, mudar para qualquer um destes países pressupõe sempre alguns passos essenciais – a proeficiência linguística que é essencial para uma prática segura em enfermagem, o reconhecimento das habilitações e a adaptação a uma nova realidade social e profissional.
Mas não desesperes! Existem apoios com que podes contar. Por exemplo, agências como a Vitae Professionals, especializadas neste processo e contratadas pelo empregador para apoiar os seus enfermeiros em todos os passos necessários. Os empregadores têm, por norma, noção que este é um processo moroso e complicado e preferem a segurança de ter uma agência de emprego especializada a acompanhar os seus futuros profissionais, ficando com a certeza de que tudo corre de uma forma mais tranquila. Por lei, os serviços da agência devem sempre ser gratuitos para os profissionais recrutados.
O processo vai depender de país para país mas demora, em regra, 3 a 4 meses sendo que tens a certeza de ter um emprego estável à tua espera e, idealmente, onde colegas mais velhos estão a trabalhar e podem apresentar-te boas referências do empregador. É importante referir que, como o empregador vai investir neste processo, há a expectativa de que o profissional mantenha a sua ligação por tempo predeterminado, sob risco de ter de reembolsar a totalidade ou parte do capital investido. Atenção que é essencial que este valor esteja sempre discriminado e bem explícito no contrato, juntamente com o período de fidelização obrigatório e respetivos prazos.
Enriquece a tua experiência pessoal e profissional
A Vitae Professionals recruta para a maioria dos países da Europa pelo que podes falar com um dos nossos consultores especializados para perceber as principais diferenças entre as ofertas. Um dos pontos essenciais a reter é: para trabalhar no Reino Unido é fulcral teres um nível C1 de inglês. Ter um nível linguístico inicial elevado, para este país, é muito importante, enquanto outros países pedem, normalmente, um nível linguístico mais baixo (B2). Há empregadores que oferecem formação inicial da língua, através de cursos intensivos, permitindo assim que exerças as tuas funçõs com segurança no país - o que não quer dizer que não tenhas de continuar a estudar e melhorar as tuas competências linguísticas depois de começares. Ir para um novo país é sempre merecedor de muita reflexão uma vez que implica inúmeros desafios. É importante que fales com colegas que já estão no país do teu interesse e que ouças os conselhos dos teus amigos e familiares. Contudo, tem sempre em mente que a decisão final é tua e, por isso, pondera todos os prós e contras associados.
Sou suspeito mas, para quem está a iniciar a sua carreira, entre trabalhar em empregos precários, mal pagos e, muitas vezes, longe de casa ou arriscar e ir trabalhar num país diferente, progredir na carreira e ganhar experiência significativa (para depois regressar se quiseres ou optares por continuar a tua carreira no país), a escolha merece, certamente, bastante ponderação. Afinal de contas, para quem é do Porto, trabalhar a 3 horas de distância no Alentejo ou a 3 horas de avião no Reino Unido acaba por ser a mesma coisa. Nos dias de hoje, as companhias low cost e a tecnologia fazem da distância um mero pormenor.
Neste sentido, o que pretendo dizer-te é que não há nada como uma experiência internacional para abrires os teus horizontes. É muito enriquecedor, a nível social, cultural e, acima de tudo, se pretendes um dia regressar a Portugal, vens com a certeza de que tens sempre uma porta de saída (ou regresso) se as coisas não correrem como esperado. E que bem nos sabe, certo?!